segunda-feira, 3 de julho de 2023

Dificuldade financeira pode encerrar a carreira de uma campeã de judô no Rio Grande do Norte


Uma verdadeira campeã do judô está prestes a receber um ippon da falta de condições financeiras para poder viajar e defender o nome do RN na disputa da Copa Minas da modalidade, que será realizada em Belo Horizonte, no período de 14 a 16 de julho. Lidrielly França agora corre contra o tempo para conseguir levantar os recursos, que beiram a casa dos R$ 1.500 para integrar a delegação potiguar na busca por novas medalhas e uma melhor colocação no ranking nacional.

O relógio está lutando contra a judoca que acha bem menos complicado enfrentar as adversárias dentro do tatame do que buscar um bom patrocinador. Toda véspera de viagem é essa agonia. Batalhadora, brasileira e nordestina, daquela que nunca desiste, a atleta confessou que está quase entregando os pontos perante as dificuldades que encontra na busca por recursos.

“Confesso já estar cansado de tanto bater as portas atrás de recursos para poder viajar. Como amo o esporte, eu faço de tudo um pouco e ainda conto com a ajuda de amigos e familiares que fazem o que podem para me ajudar dentro do esporte. Tenho de levantar esses recursos até o dia 6 de julho”, afirmou Lidrielly.

Como de costume, ela também organizou uma rifa atrás de levantar os recursos mais rápido e não descansa um só instante, batendo na casa da vizinhança e buscando também vender entre os amigos da academia.

“O propósito da rifa é arrecadar dinheiro para pagar a taxa de competição, hospedagem e o ônibus que iremos para Minas Gerais. Garantindo isso, o restante que vender vai servir para ajudar na alimentação. Ficaremos 9 dias pagando café, almoço e janta. Andei falando com uns políticos, que são daqui da zona norte, mas não tive sucesso. Eles alegaram que estavam investindo muito nas festas juninas”, ressaltou a judoca.

Só a viagem de ônibus até a capital mineira vai custar R$ 800,00 para cada atleta, dos recursos necessários, até agora Lidrielly França disse ter levantado apenas R$ 300 com a venda das rifas e, com o tempo para quitar a viagem chegando ao fim, o desespero está batendo. A delegação deixará Natal no dia 12 e o foco da atleta agora passou a ser esse, pagar pelo deslocamento. A alimentação já está sendo jogada para segundo plano no cronograma da campeã potiguar, que é uma das esperanças de medalha para o RN.

“Quando digo que estou pensando em desistir de tudo é porque está bem cansativo mesmo. Eu trabalho para me manter no esporte, treino, fico preocupada com dinheiro de viagem, alimentação, competição. É muito difícil ser atleta no nosso estado”, reforçou.

Não é a primeira vez que Lidrielly França, por falta de recursos suficientes, decide sacrificar a alimentação para ter a oportunidade de disputar a Copa Minas, uma das competições apontadas como mais importantes do calendário nacional e que por servir como uma prévia do Campeonato Brasileiro, reúne competidores dos mais diversos estados.

No ano passado, a atleta depois de bancar as despesas com a viagem, levou na carteira apenas R$ 200 para se alimentar, durante a viagem e os dias de estada em Belo Horizonte.

Desde que foi campeã da Copa Natal a atleta vem demonstrando dedicação exclusiva para levantar os recursos necessários para essa viagem. Apesar do desafio financeiro estar se mostrando praticamente insolúvel, Lidrielly França ainda acredita que no curto espaço de tempo que ainda possui como prazo, irá levantar os recursos para poder competir. Mas ela não nega estar no limite entre o amor pelo esporte e o sacrifício de ser um atleta considerado de ponta sem patrocínio no estado.

Com 21 anos de idade e há oito treinando e perseguindo o sonho de conquistar um título nacional, Lidrielly França corre o risco de se tornar mais uma vítima da falta de uma política de incentivo ao esporte amador no Rio Grande do Norte.

Lidrielly França é considerada uma daquelas atletas focadas e bastante dedicada aos treinamentos. O sucesso dessa adolescente, que foi apresentada ao esporte através de um projeto realizado junto a Escola Estadual Professor Josino Macedo, aos 13 anos, não vem por acaso. Em sete anos, a judoca conseguiu pular da faixa branca para faixa preta, fruto de um trabalho de dedicação que não sofreu qualquer tipo de interrupção na Academia Shiro Saigo Dojô no clube Expedita Rocha, no Parque dos Coqueiros.

Fonte Tribuna do Norte Foto Alex Régis

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