O ano para o América-RN acabou. E em agosto. Eliminado nas quartas de final da Série D do Campeonato Brasileiro pela Juazeirense, em plena Arena das Dunas, o Alvirrubro encerra a temporada sem o principal objetivo da temporada, que era o acesso à Série C. Esse é só mais um dos retratos de mais um ano de fracasso para o clube da Rodrigues Alves. Dez anos depois de ter estado na elite do futebol nacional, quando disputou a Série A, o Mecão amargura um dos momentos mais complicados de sua história, na última divisão nacional, e ficará sem futebol profissional pelos próximos quatro meses.
Desde o início desta quarta divisão, o América era apontado com um dos favoritos ao acesso. Depois de montar o elenco em 25 dias, equipe conseguiu fazer jus às expectativas na primeira fase: fez a melhor campanha da fase de grupos com 15 pontos conquistados (cinco vitórias e uma derrota) e confirmou que brigaria para subir nas fases decisivas.
Depois, despachou Aparecidense e Ceilândia nos dois primeiros confrontos do mata-mata, mas foi surpreendido pela Juazeirense, com a derrota por 3 a 0 no jogo de ida e não conseguiu reverter na volta na Arena das Dunas, quando empatou por 1 a 1. Assim, terá férias coletivas forçadas até o Campeonato Potiguar do próximo ano.
- O América-RN tem que se reconstruir. Infelizmente, o ano já iniciou de uma forma que não foi interessante. Não foi bem no campeonato estadual, na Copa do Nordeste, na Copa do Brasil. Foi bem na Série D, mas infelizmente não concluiu o objetivo. Formamos uma equipe muito rápido, em cima de dificuldades muito grandes. Todas as equipes que estão nesta sequência de Série D são formada desde o estadual. O América-RN não foi dessa forma - afirmou Leandro Campos em entrevista coletiva após o empate por 1 a 1 com a Juazeirense.
O Globo Esporte pontuou os fracassos e os fatores que levaram o América a um ano de 2017 para ser esquecido.
Queda na primeira fase da Copa do Nordeste
A Copa do Nordeste não era um dos principais objetivos do América no ano e um grupo complicado (com Vitória, Sergipe e Botafogo-PB) ainda dificultou a missão. O Alvirrubro parou na primeira fase, na terceira colocação do Grupo E, atrás de Vitória e Sergipe. O time, no entanto,sequer brigou diretamente por uma vaga e após derrota por 2 a 0 para o Sergipe na Arena das Dunas, na quarta rodada, apenas cumpriu tabela na última rodada diante do Botafogo-PB.
Sofrimento no Campeonato Potiguar
O Campeonato Potiguar foi um martírio para o América. Além de sofrer outra goleada para o ABC (4 a 1 na Copa RN), o time não conseguiu chegar sequer em uma final de turno. Por isso, mudou o foco e buscou a pontuação necessária para conquistar a terceira colocação geral e garantir uma vaga na Série D do próximo ano, caso não subisse nesta temporada. Pior: ainda precisou "torcer" pelo rival ABC nas finais diante do Potiguar de Mossoró, que, se vencesse ao menos uma partida da decisão da Copa RN (o segundo turno), tiraria a vaga do Mecão da Série D do próximo ano. As duas derrotas do time de Mossoró na decisão soaram como um alívio e o América assegurou, em meio a um 2017 desastroso, o calendário para o próximo ano.
Eliminação da Copa do Brasil
A má fase do início do ano também afetou o time na Copa do Brasil. O América-RN foi eliminado na primeira fase da competição depois de perder por 1 a 0 para o Audax fora de casa. Com o novo regulamento do certame, o Alvirrubro jogava pelo empate diante do rival paulista, mas sucumbiu no segundo tempo e acabou eliminado.
Renúncia do presidente e as mudanças no futebol
O ano conturbado no Mecão está entrelaçado com a confusão que viveu na sua área administrativa. Sem aliados no clube e criticado pela torcida pela gestão no futebol, o então presidente Beto Santos renunciou ao cargo após o Campeonato Potiguar. Ele deixou o clube após um ano e seis meses na presidência, com o vice-campeonato estadual de 2016, após derrota por 4 a 0 para o ABC na decisão, e o rebaixamento à Série D, ocorrido no ano passado.
O presidente do Conselho Deliberativo do clube, José Rocha, assumiu a função de presidente do clube de forma interina e criou um grupo para dirigir o futebol comandado por seu filho, o ex-presidente Eduardo Rocha, que foi responsável pela montagem deste elenco que disputou a Série D.
7 treinadores em 2 anos e excesso de jogadores
O mundo do futebol caminha na busca de um padrão dentro de campo e o América faz exatamente o caminho inverso. O clube teve, nos últimos dois anos, sete treinadores diferentes: Aluísio Guerreiro, Guilherme Macuglia, Sérgio China, Francisco Diá, Felipe Surian, Flávio Araújo e Leandro Campos. Além disso, o então gerente de futebol Carlos Moura Dourado ainda dirigiu a equipe nas finais do estadual de 2016 de forma interina. Seis destes nomes estiveram na gestão Beto Santos no clube.
Outro número absurdo está nas montagens e desmontagens do elenco durante essas temporadas. No ano passado, o América ultrapassou a marca de 60 jogadores contratados - o maior número na história recente do clube.
Em 2017, após o desmanche no final do estadual, a nova gestão se viu obrigada a mais uma vez ir ao mercado e contratou 19 jogadores para a Série D.
Por GE RN Foto: Manoel Freire Filho/Vermelho de Paixão