quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Entre méritos e desavenças, Padang deixa presidência do América após dois anos


Nesta quinta-feira (11), o deputado estadual e ex-presidente do América, Gustavo Carvalho deve ser reconduzido à presidência do clube por aclamação depois de sete anos, já que não há até à véspera do pleito, uma chapa concorrente. Por outro lado, o presidente Alex Padang está nas horas finais no cargo e fala com certo saudosismo dos dois anos em que ocupou a função que, segundo ele mesmo, tem sido motivo de orgulho.

Padang assumiu a função no início da temporada de 2012, ano em que o América retornou à Série B do Brasileiro. Em meio à sua administração, o dirigente viu a equipe pôr fim a um jejum de oito anos sem conquista de títulos estaduais e ter uma participação na Segundona consistente, com várias rodadas no G4 e a liderança da competição por algumas.

“Eu estou muito orgulhoso. Conselheiro me ligou perguntando porque não era candidato. Aconteceu algo parecido em 2011, não tinha candidato, me convidaram, mas eu tinha que me aprimorar. Queria ser um presidente diferente e neguei com a promessa de ser presidente sete meses depois. Hoje deixo o clube com credibilidade no mercado do futebol, empresários, jogadores, com a CBF, Federação e a própria imprensa, no geral. pela responsabilidade com que conduzi o clube”, ponderou.

O empresário revela ter sido convidado a assumir o clube em 2011. À época, afirmou não estar pronto, mas garantiu ter participado da força-tarefa que garantiu a condução de Hermano Morais ao cargo, oportunidade em que o clube conseguiu o acesso à Série B. Mas entre idas e vindas, ele garante estar orgulhoso pelo papel protagonizado no comando do América.

“Na hora que se passa oito anos sem títulos e ganha, classifica para Copa do Brasil, disputa todas as decisões do Estadual e vai a todas as competições que houve vaga em disputa, além de chegar com o calendário cheio para o presidente seguinte assumir, acredito que conseguimos um saldo positivo”, afirmou Padang.

Para ele, os dois anos à frente do Alvirrubro foram suficiente para alcançar os objetivos possíveis e traçados no início da administração. Um deles é o fato de o clube ter conseguido quitar valores próximos de R$ 2,5 milhões em dívidas, segundo o dirigente, além de ter tendo conquistado como patrimônio dois apartamentos numa permuta em um condomínio numa parceria com uma empresa que patrocinou o clube no ano de 2012.

Além disso, ele contabiliza a evolução das categorias de base do clube que, no início de sua gestão, tinha seis garotos e chega ao fim com 42 jovens alojados no centro de treinamento do clube. Padang destaca ainda o fato de terem sido negociados jovens atletas, como o zagueiro Gerson Junior (Atlético-PR), atacante Ita (Grêmio), além de jogadores Isac (futebol chinês) e Wanderson (América-MG).

Curiosamente, os últimos três presidentes do clube renunciaram ao cargo ou tiveram mandato “tampão”. Situação contrária a do dirigente que deixa o cargo nas próximas horas. Padang já passou por diversas funções no clube, revela que chegou a receber contato de conselheiros americanos questionando o fato de ele não voltar a disputar o pleito.

Sem campo
Uma das maiores dificuldades sofridas pelo dirigente americano no cargo foi a ausência de um estádio para o clube realizar os jogos na Série B do Brasileiro entre 2012 e 2013. Na primeira, o clube precisou instalar arquibancadas móveis para atuar em Goianinha, município a quase 60 quilômetros de Natal.

Este ano, atuou parte da temporada em Ceará-Mirim, no Estádio Barretão, e assim como na cidade da região Agreste, sofreu com a baixa média de público e rendas mínimas. Conseguiu retornar a Goianinha no meio da Série B, a partir de negociações com CBF que resultaram na dispensa da exigência da instalação, novamente de arquibancadas móveis, para atender a capacidade de 10 mil lugares para jogos da Segundona.

Para o dirigente, o cenário ao assumir o cargo no América exigiu uma coragem que poucos teriam. “Coragem é um dos fatores que mais aposto, assumi um time que não sabia onde iria jogar, com o quadro de sócios muito abaixo, sequer vendia camisas. O cara compra camisa para ir para o estádio. O América não tinha patrocinadores, existia a pressão sem título estadual, um descenso recente, mas me determinei a colocar uma marca. E cumpri. Não vendemos nenhum patrimônio do clube e deixamos o América com patrocinadores, patrimônio e uma crescente de sócios”, avalia.

Desavenças e Série A
Em meio às turbulências financeiras ou políticas, o clube mostrou constantemente durante a gestão de Alex Padang uma ebulição política, em especial, a partir das fortes opiniões de conselheiros e ex-presidentes do clube que, em dado momento, se opuseram às decisões do atual mandatário.

Para Alex, a situação foi vista com naturalidade e todas as questões foram conduzidas sem qualquer questão pessoal envolvida.

“Houve sim algumas desavenças, mas não tem como administrar um time como o América por dois anos, de massa, com problemas que o América teve, conduzir o clube ser ter nenhum tipo de arranhão. Nunca nada pessoal. Viram que fomos capazes de solucionar, problema duro para mim. Houve uma ala no América que queria que jogássemos cinco anos em Ceará-Mirim. Teve gente que brigou comigo”, conta.

Padang admite o perfil centralizador da gestão do clube e revela ter sido presidente de fato muitas vezes, mas se negou a dizer em quais oportunidades. Ainda assim, ele garante que a divisão dos méritos ocorre, com a centralização apenas das responsabilidades e em caso de revés, a “culpa é do presidente”. Alex, que agradeceu aos diretores que o acompanharam na gestão, ainda defendeu a renovação não apenas no conselho, mas também em cargos diretivos do clube para formação de novos dirigentes.

O sonho da Série A ainda é vivido por Padang, mas segundo ele, o América precisará mais do que nunca do apoio do torcedor para conseguir superar as dificuldades do futebol atual em que o poder financeiro cria “abismos” entre os clubes. “Se quiser subir para Série A tem que ter 5 mil sócios até o final de janeiro”, disse ele, maior garoto-propaganda do programa de sócios do clube Alvirrubro.

O dirigente encerrou a entrevista destacando a sensação de ocupar a presidência do clube de fato e revelou ter estranhado por muito tempo ser chamado pela alcunha de “presidente”. Padang diz ter passado no “vestibular” aplicado pela torcida.

“O sentimento é de que passou no vestibular e seu pai está olhando para você. É como se a torcida tivesse olhando para mim e aprovado. Se a torcida está feliz, Conselho feliz, então nossa passagem foi positiva e estou feliz”, concluiu.

Por Bruno Araújo via Portal no Ar
Atualizado em 12 de Dezembro de 2013

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