sexta-feira, 21 de junho de 2013

Esporte, Símbolo da união nacional, ele, que é sempre vaiado em Barcelona, emociona em território brasileiro


O manifesto dos mais de 50 mil torcedores a plenos pulmões emocionou quarta-feira em Fortaleza. No momento em que os brasileiros pedem urgência nas ruas, o Hino Nacional, cantado à capela mesmo após os 50 segundos oficiais estabelecidos pela Fifa, no jogo entre Brasil e México, foi a afirmação da luta por um país melhor. Ontem, quem foi ao Maracanã ver Taiti x Espanha cantou o hino mais uma vez.

“É uma manifestação cívica muito representativa, significativa da situação que estamos vivendo. Um ato que mostra que as reivindicações não são uma negação, mas, sim, uma afirmação do Brasil”, analisa Eurico Figueiredo, professor da pós-graduação de Ciência Política da UFF. “Na ditadura, os militares se apropriavam do hino e diziam que eram os defensores da pátria. Agora, o hino é usado para mostrar que as manifestações são a favor da nação, e que estão todos juntos neste momento”.

Manifestação pouco comum nos estádios de futebol, onde, como bem dizia Nelson Rodrigues, “o brasileiro vaia até minuto de silêncio”, o coro de torcedores cantando o hino é comum em outros esportes, como o vôlei. De certa forma surpresos e emocionados, jogadores tanto do Brasil quanto do México se disseram arrepiados e confessaram jamais ter presenciado uma cena como a de quarta-feira, na Arena Castelão.

Em contraponto, este patriotismo é algo impensável na Espanha. Somente depois da Copa da África do Sul, muitos espanhóis se atreveram a vestir a camiseta de La Roja. O mesmo acontece com o hino espanhol (Marcha Real), cujo simples soar de sua melodia é rejeitado pelos chamados ‘nacionalismos periféricos’, entre eles catalães e bascos.

Como mostra de rechaço ao hino, a vaia é a principal arma. Foi o que aconteceu mais de uma vez em finais da Copa do Rei. Na decisão de 2009, entre Barcelona e Atlético de Bilbao, em Valência, as vaias de bascos e catalães duraram os 52 segundos da Marcha Real.

Em outubro de 2012, semanas depois que uma maré separatista tomasse conta de Barcelona, o Camp Nou gritou um sonoro “Independència!” num clássico Barça x Real Madrid, aos 17 minutos e 14 segundos de jogo, numa alusão à queda de Barcelona, no simbólico ano de 1714, em uma das últimas operações militares da Guerra de Sucessão espanhola, depois de um ano e meio de luta contra as tropas de Felipe V.

Fonte Gazeta Esportiva

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