Na primeira vez que decidiram uma Copa, em 1986, a Argentina tinha Maradona para fazer a diferença no México e garantir o bi da seleção. Quatro anos depois, a Alemanha deu o troco contra o mesmo Maradona, que, praticamente sozinho, apesar do protagonismo importante de Caniggia, não conseguiu parar a eficiência germânica.
Neste domingo, ainda que pese a presença de Messi no lado argentino, são alemães é que devem apresentar um futebol mais técnico, com muitas opções de jogadores de habilidosos. Isso diante de uma Argentina mais preocupada em defender primeiro, para depois sair, sem riscos, em busca dos gols. Os papéis históricos das seleções, portanto, parecem trocados quase 30 anos depois.
Alemanha com dobro de gols
Os números ajudam a provar isso. A Alemanha marcou 17 gols na Copa, contra 8 da Argentina, que sofreu apenas três, ainda assim todos na fase de grupos. Das oitavas em diante, quando um erro pode ser fatal, a defesa do time de Alejandro Sabella não foi vazada em três jogos. Os alemães levaram um gol a mais.
No total, as seleções se enfrentaram 20 vezes no âmbito da Fifa, com vantagem para a Argentina, com nove vitórias, contra seis da Alemanha (foram cinco empates). Em Copas, porém, os alemães foram melhores. Em seis partidas, os germânicos triunfaram três vezes, sem contar com o empate no tempo normal e vitória nos pênaltis nas quartas de final de 2006. Houve ainda um 0 a 0 na fase de grupos de 1966.
A última e única vez que a Argentina bateu a Alemanha em um Mundial foi justamente nos 3 a 2 da final de 1986. Ao comentar a partida na véspera da final, Sabella foi lacônico. “Esperamos que o resultado seja o mesmo, que a situação se repita frente a um adversário tão poderoso”, disse o técnico, em entrevista coletiva pouco esclarecedora sobre seu futuro na seleção e o time que vai a campo.
O mistério se Di María, com dores na coxa direita, volta deve continuar até momentos antes de a bola rolar. É provável que Pérez siga no time. Sobre sua permanência, o treinador disse apenas que só vai pensar na decisão após o jogo.
Ecos de 2010
Na Alemanha, Joachim Löw deve repetir o time que goleou o Brasil por 7 a 1 na semifinal. O técnico, que estava presente na goleada de 4 a 0 sobre a Argentina nas quartas de 2010, diz não ter medo de um possível clima de revanche. “Não temo nada”, declarou o treinador, que elogiou a defesa mais organizada da argentina em relação à zaga que atuou na África do Sul.
“A Argentina consegue defender e pressionar o adversário. Já mostraram que podem ser estáveis com oito ou nove recuados para depois contra-atacar”, analisou Löw.
Também requisitado a comentar a goleada de 2010, Sabella arriscou uma análise sobre a defesa que levou, em um único jogo, mais gols que seu time em seis partidas.
“Talvez esse time seja mais conservador que o de quatro anos atrás. Vamos buscar o triunfo por uma caminho diferente”, declarou o técnico.
Por Romulo Tesi Rio de Janeiro via Band Esportes Foto Gabriel Bouys e Adrian Dennis AFP